23/06/09
Honduras – da República das Bananas ao "Bananagate"
“El unico fruto del amor, es la banana, es la banana...!”
Será? Nem por isso...
A imagem da Miss Chiquita com o seu cabaz colorido e sorriso tropical é tão real como a do Rato Mickey. O negócio das bananas foi origem de golpes de estado e mortes na América Central, no inicio do Século XX, com as empresas americanas ali instaladas a financiar e instigar esses golpes a troco de benefícios fiscais e concessões de terras.
Nasceu assim o termo Republica das Bananas, também ela inventada por um americano, O. Henry no livro “Cabbages and Kings” que escreveu numa breve passagem por Tegucigalpa, a capital das Honduras.
O termo perpetuou-se e os escândalos também. Até Pablo Neruda lhe dedicou um poema – “La United Fruit Co.” e dois anos depois da sua morte, em 1975, essa mesma empresa (hoje Chiquita) foi acusada de subornar o Presidente Ditador das Honduras, num escândalo que ficou conhecido como...Bananagate!
Meu Deus...banana na América Central não é pêra doce.
19/06/09
Angkor na próxima NG
A edição de Julho da National Geographic (deve sair no final da próxima semana) vai ter uma reportagem sobre Angkor, desde os tempos em que albergava 750 mil habitantes até à queda dos Khmer.
E como se não bastasse a reportagem, a revista vai oferecer um mapa do império Khmer. Vale a pena!
E como se não bastasse a reportagem, a revista vai oferecer um mapa do império Khmer. Vale a pena!
15/06/09
A “menina” do Mercado Central
Almoçar barato na América Latina significa procurar o mercado central. Para além de uma refeição por dois tostões ainda levamos de bónus todo um colorido folclore. Come-se bem? Não é bem uma experiência gourmet, mas muito mais do que isso...
No mercado de Antigua a caça ao freguês é feroz. Mulheres com os dentes debruados a ouro acenam-nos, gritam boas razões para comermos na sua banca e abrem as tampas tentando seduzir-nos com vapores condimentados. Assim nos aconteceu e lá íamos percorrendo as bancas tentando encontrar um motivo que distinguisse uma de outra, até que vimos uma miúda a fixar-nos com um largo sorriso, enfiada num vestido de gala, roxo e aveludado, que lhe escorria insinuante até aos pés. Pestanejou-nos carregada de rímel e lá fomos maquinalmente para o seu “comedoro”. A miúda – a Gabi - era o isco e a sua família, o anzol. Mãe, tias, irmãos e avó fizeram daquele almoço uma festa e lá acabámos todos os dias numa doce rotina, ao longo das duas semanas que pastelámos na cidade.
Descrever Antigua, com as suas ruas imaculadamente limpas, fachadas pintadas dum amarelo forte, e a sua cuidada praça central é lembrar-me da Gabi a receber-nos no comedouro, sorridente, simples e carregada de rímel. Mas descrever tudo o que lá vivi é lembrar-me da sua família - porque no fim, quase a senti como minha.
Ps – num desses dias a Gabi convenceu-nos a ir fotografá-la a um concurso de beleza de bairro – uma obsessão das mulheres latinas – e fez questão no final de tirar esta fotografia, lançando as pétalas da passerelle sobre si própria :)
No mercado de Antigua a caça ao freguês é feroz. Mulheres com os dentes debruados a ouro acenam-nos, gritam boas razões para comermos na sua banca e abrem as tampas tentando seduzir-nos com vapores condimentados. Assim nos aconteceu e lá íamos percorrendo as bancas tentando encontrar um motivo que distinguisse uma de outra, até que vimos uma miúda a fixar-nos com um largo sorriso, enfiada num vestido de gala, roxo e aveludado, que lhe escorria insinuante até aos pés. Pestanejou-nos carregada de rímel e lá fomos maquinalmente para o seu “comedoro”. A miúda – a Gabi - era o isco e a sua família, o anzol. Mãe, tias, irmãos e avó fizeram daquele almoço uma festa e lá acabámos todos os dias numa doce rotina, ao longo das duas semanas que pastelámos na cidade.
Descrever Antigua, com as suas ruas imaculadamente limpas, fachadas pintadas dum amarelo forte, e a sua cuidada praça central é lembrar-me da Gabi a receber-nos no comedouro, sorridente, simples e carregada de rímel. Mas descrever tudo o que lá vivi é lembrar-me da sua família - porque no fim, quase a senti como minha.
Ps – num desses dias a Gabi convenceu-nos a ir fotografá-la a um concurso de beleza de bairro – uma obsessão das mulheres latinas – e fez questão no final de tirar esta fotografia, lançando as pétalas da passerelle sobre si própria :)
12/06/09
1000 Budas
Nas margens do Mekong, a mais ou menos 20km da capital do Laos (Vientiane), fica Xiang Khouan. Também conhecido pelo Parque dos Mil Budas, este lugar tem tanto de bizarro como de kitsch: aqui se concentram cerca de duas centenas de estátuas budistas e hindus, não só do próprio Buda e em várias posições, mas de outros deuses, animais e demónios.
Na minha passagem pelo Laos, vim aqui parar quase sem querer, e ainda bem. É um lugar muito fotogénico e com “boa onda”.
Na minha passagem pelo Laos, vim aqui parar quase sem querer, e ainda bem. É um lugar muito fotogénico e com “boa onda”.
03/06/09
O QUE É ESTE BLOG, AFINAL?
COMO APARECEU A IDEIA:
O projecto "dois nómadas" surgiu na sequência da parceria que fizemos com a agência de viagens nomad. Eles desafiaram-nos a organizar uma aventura cada um: dois destinos que fossem um desafio para nós e para as pessoas que costumam viajar com a nomad. O Carlos escolheu a América Central, o Jorge vai para a Indochina. E assim que começámos a preparar percursos e experiências, vieram à memória de cada um as viagens que fizemos nestas partes do mundo tão distintas.
PORQUÊ UM BLOG:
O blog é uma forma excelente de se partilhar emoções e aventuras. Não só as nossas... mas também das pessoas que por aqui passam: seja através de comentários como de e-mails ou até da publicação de histórias que nos sejam enviadas.
QUE TIPO DE CONTEÚDOS VAMOS PUBLICAR:
1. aventuras vividas por nós, nos 7 países que integram esta experiência (Guatemala, Honduras, Nicarágua, Vietname, Cambodja, Tailândia e Laos).
2. informações várias que nos permitam conhecer melhor estes destinos (desde factos históricos a curiosidades mais "banais").
3. histórias que nos sejam enviadas por vocês. Exactamente! Queremos que partilhem connosco episódios caricatos, momentos memoráveis e as memórias que mais vos marcaram na América Central e no Sudeste Asiático. Enviem os vossos textos (máx. 1000 caracteres) e fotos para proximaparagem@gmail.com .
E claro: quando finalmente partirmos à aventura com os grupos da nomad, prometemos relatar todas as aventuras e peripécias!
América Central:
Setembro 2009
Indochina:
Novembro 2009
Março/Abril 2010
Se houver interessados em participar numa destas aventuras ou em outras viagens nomad, por favor entrem em contacto com a agência, através do link que temos no topo da página, ou escrevam-nos para o nosso e-mail.
Boas viagens a todos!
02/06/09
A MENINA DANÇA?
Nunca na vida me imaginei a ouvir extasiado bolero e salsas, com as suas recorrentes histórias de amores impossíveis e catadupas de traição, vozes agudas, e timbre exagerado. Foi preciso ouvir “in loco” para lhe sentir a palpitar e esquecer o lado kitsch de bigode latino e chapéu de ganadero. E não temos hipótese - há sempre um rádio algures a habituar-nos o ouvido.
Quando disse a uma amiga que a primeira actividade da viagem à América Central ia ser uma lição de salsa, em Antigua, ela torceu o nariz - imaginou-se num programa da Catarina Furtado com roupas justas, decote até ao umbigo, sorriso cintilante, em danças afectadas por excesso de ademanes, maquilhagem e suor.
Na América Latina não existe o conceito de danças de salão. Para dançar não é preciso um chão envernizado de tacos, muito menos um salão – dança-se nas discotecas, no boteco, no terraço da avó, na traseira dum carro com a mala aberta. Basta música e, claro, um par. É para isso que se trabalha toda a semana. E mesmo com o pé duro europeu nunca se é constrangido na pista, todos nos querem ensinar e no máximo, gozam-nos com humor.
(estou neste momento com uma camisa de cetim a abanar a anca)
A menina, dança?
Quando disse a uma amiga que a primeira actividade da viagem à América Central ia ser uma lição de salsa, em Antigua, ela torceu o nariz - imaginou-se num programa da Catarina Furtado com roupas justas, decote até ao umbigo, sorriso cintilante, em danças afectadas por excesso de ademanes, maquilhagem e suor.
Na América Latina não existe o conceito de danças de salão. Para dançar não é preciso um chão envernizado de tacos, muito menos um salão – dança-se nas discotecas, no boteco, no terraço da avó, na traseira dum carro com a mala aberta. Basta música e, claro, um par. É para isso que se trabalha toda a semana. E mesmo com o pé duro europeu nunca se é constrangido na pista, todos nos querem ensinar e no máximo, gozam-nos com humor.
(estou neste momento com uma camisa de cetim a abanar a anca)
A menina, dança?
01/06/09
VIETNAME OLÉ!
“Se o Vietname ganhar, as pessoas vêm para a rua celebrar?”, perguntei ao rapaz que me levava de mota, de templo em templo, pelas ruas de Saigão.
“Depois vês,” respondeu-me sorridente.
Passei o meu primeiro dia no Vietname num frenesim turístico, sobrevivendo a cruzamentos impossíveis, fascinado com a cultura riquíssima, destroçado com os relatos de uma guerra que conhecia dos filmes; e quando voltei para o hotel, ao princípio da noite, vinha estafado. Atirei-me para a cama, deixei-me embalar por uma telenovela brasileira dobrada em vietnamita, e quando acordei já o jogo ia a meio.
Passo a explicar: tinha chegado ao Vietname no auge dos SEA GAMES, uma espécie de Jogos Olímpicos do Sudeste Asiático. E o dia em que me lancei à descoberta de Saigão foi o mesmo em que o país anfitrião (sim, o Vietname) discutia com a Malásia a passagem à final do Campeonato de Futebol. Quem ganhasse, defrontava a Tailândia.
Desci à recepção, para jantar e assistir ao jogo com os locais. E resistindo à tentação de vos relatar aqui o jogo (teve momentos memoráveis!), deixem-me que vos diga apenas: foi verdadeiramente emocionante, um clássico “à antiga”, em que a equipa da casa bateu os visitantes por 4 bolas a 3.
Festa no hotel, e da rua em frente ouvia o som de buzinas, e na minha cabeça surgia outra vez a pergunta que fizera, nessa mesma manhã, ao meu guia da motocicleta:
“As pessoas vêm para a rua celebrar?”
Marquês do Pombal em dias de Euro2004? Esqueçam.
Milhões e milhões de motocicletas e gente, bandeiras vermelhas com estrelas amarelas, gritos patrióticos e lágrimas de emoção, flashes e música. Andei durante meia hora entre a multidão, pelo passeio, tentando a custo eternizar estes momentos, em fotografias que de artísticas não têm nada, mas que atestam o caos em que me meti.
Mas o melhor da noite, a cereja em cima do bolo, aquilo que não ficou em fotografia… foi quando a bateria da máquina “deu o berro” e resolvi voltar para o hotel. Quando, do meio da confusão, percebo que alguém me chama. Dois rapazes montados numa mota, equipados a rigor e munidos de bandeiras gigantes, a fazer-me sinal para ir ter com eles à estrada. Sorri, meio-a-medo, eles insistiram, queriam que fosse com eles.
Não sou de dizer “não”, muito menos em viagens. Vale tudo, prefiro arrepender-me das coisas que fiz do que das que não fiz. Por isso montei-me na mota, entre eles, segurei na bandeira do Vietname e durante mais de uma hora percorremos as ruas de Saigão, buzinando com os outros dois milhões de motas, cantando sabe-se lá o quê, celebrando muito mais que apenas um jogo de futebol. A hospitalidade, a partilha e a alegria de viver.
E quem não salta!...
“Depois vês,” respondeu-me sorridente.
Passei o meu primeiro dia no Vietname num frenesim turístico, sobrevivendo a cruzamentos impossíveis, fascinado com a cultura riquíssima, destroçado com os relatos de uma guerra que conhecia dos filmes; e quando voltei para o hotel, ao princípio da noite, vinha estafado. Atirei-me para a cama, deixei-me embalar por uma telenovela brasileira dobrada em vietnamita, e quando acordei já o jogo ia a meio.
Passo a explicar: tinha chegado ao Vietname no auge dos SEA GAMES, uma espécie de Jogos Olímpicos do Sudeste Asiático. E o dia em que me lancei à descoberta de Saigão foi o mesmo em que o país anfitrião (sim, o Vietname) discutia com a Malásia a passagem à final do Campeonato de Futebol. Quem ganhasse, defrontava a Tailândia.
Desci à recepção, para jantar e assistir ao jogo com os locais. E resistindo à tentação de vos relatar aqui o jogo (teve momentos memoráveis!), deixem-me que vos diga apenas: foi verdadeiramente emocionante, um clássico “à antiga”, em que a equipa da casa bateu os visitantes por 4 bolas a 3.
Festa no hotel, e da rua em frente ouvia o som de buzinas, e na minha cabeça surgia outra vez a pergunta que fizera, nessa mesma manhã, ao meu guia da motocicleta:
“As pessoas vêm para a rua celebrar?”
Marquês do Pombal em dias de Euro2004? Esqueçam.
Milhões e milhões de motocicletas e gente, bandeiras vermelhas com estrelas amarelas, gritos patrióticos e lágrimas de emoção, flashes e música. Andei durante meia hora entre a multidão, pelo passeio, tentando a custo eternizar estes momentos, em fotografias que de artísticas não têm nada, mas que atestam o caos em que me meti.
Mas o melhor da noite, a cereja em cima do bolo, aquilo que não ficou em fotografia… foi quando a bateria da máquina “deu o berro” e resolvi voltar para o hotel. Quando, do meio da confusão, percebo que alguém me chama. Dois rapazes montados numa mota, equipados a rigor e munidos de bandeiras gigantes, a fazer-me sinal para ir ter com eles à estrada. Sorri, meio-a-medo, eles insistiram, queriam que fosse com eles.
Não sou de dizer “não”, muito menos em viagens. Vale tudo, prefiro arrepender-me das coisas que fiz do que das que não fiz. Por isso montei-me na mota, entre eles, segurei na bandeira do Vietname e durante mais de uma hora percorremos as ruas de Saigão, buzinando com os outros dois milhões de motas, cantando sabe-se lá o quê, celebrando muito mais que apenas um jogo de futebol. A hospitalidade, a partilha e a alegria de viver.
E quem não salta!...
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