Nunca na vida me imaginei a ouvir extasiado bolero e salsas, com as suas recorrentes histórias de amores impossíveis e catadupas de traição, vozes agudas, e timbre exagerado. Foi preciso ouvir “in loco” para lhe sentir a palpitar e esquecer o lado kitsch de bigode latino e chapéu de ganadero. E não temos hipótese - há sempre um rádio algures a habituar-nos o ouvido.
Quando disse a uma amiga que a primeira actividade da viagem à América Central ia ser uma lição de salsa, em Antigua, ela torceu o nariz - imaginou-se num programa da Catarina Furtado com roupas justas, decote até ao umbigo, sorriso cintilante, em danças afectadas por excesso de ademanes, maquilhagem e suor.
Na América Latina não existe o conceito de danças de salão. Para dançar não é preciso um chão envernizado de tacos, muito menos um salão – dança-se nas discotecas, no boteco, no terraço da avó, na traseira dum carro com a mala aberta. Basta música e, claro, um par. É para isso que se trabalha toda a semana. E mesmo com o pé duro europeu nunca se é constrangido na pista, todos nos querem ensinar e no máximo, gozam-nos com humor.
(estou neste momento com uma camisa de cetim a abanar a anca)
A menina, dança?
02/06/09
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário