02/06/09

A MENINA DANÇA?

Nunca na vida me imaginei a ouvir extasiado bolero e salsas, com as suas recorrentes histórias de amores impossíveis e catadupas de traição, vozes agudas, e timbre exagerado. Foi preciso ouvir “in loco” para lhe sentir a palpitar e esquecer o lado kitsch de bigode latino e chapéu de ganadero. E não temos hipótese - há sempre um rádio algures a habituar-nos o ouvido.

Quando disse a uma amiga que a primeira actividade da viagem à América Central ia ser uma lição de salsa, em Antigua, ela torceu o nariz - imaginou-se num programa da Catarina Furtado com roupas justas, decote até ao umbigo, sorriso cintilante, em danças afectadas por excesso de ademanes, maquilhagem e suor.



Na América Latina não existe o conceito de danças de salão. Para dançar não é preciso um chão envernizado de tacos, muito menos um salão – dança-se nas discotecas, no boteco, no terraço da avó, na traseira dum carro com a mala aberta. Basta música e, claro, um par. É para isso que se trabalha toda a semana. E mesmo com o pé duro europeu nunca se é constrangido na pista, todos nos querem ensinar e no máximo, gozam-nos com humor.

(estou neste momento com uma camisa de cetim a abanar a anca)

A menina, dança?

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